À noite, Hipnos começou a sonhar
com ela. Nos sonhos, ela era real, palpável, e o toque dela era tão intenso que
ele acordava com o coração acelerado, mas sempre sozinho. Aos poucos, percebeu
que não eram apenas sonhos: ela realmente estava ali, mas apenas enquanto ele
dormia. Afrodite ganhava vida, saía da foto e ficava ao seu lado no quarto,
realizando atos sensuais que o deixavam em um estado de êxtase. Quando ele
acordava, ela já não estava mais lá, voltando para a foto instantes antes de
ele despertar.
Com o tempo, Afrodite começou a deixar pequenos indícios de sua presença: um perfume no ar, uma mecha de cabelo no travesseiro, uma marca de batom no copo de água. Hipnos, confuso, começou a questionar sua sanidade, mas não conseguia resistir ao desejo de vê-la novamente. Ele passou a dormir mais, quase como um vício, para estar com ela. Seus amigos se afastaram, seu trabalho como fotógrafo ficou em segundo plano, e ele começou a negligenciar sua própria saúde.
Em um momento crucial, Afrodite revelou a Hipnos que ela não era humana, mas uma entidade presa em um feitiço antigo. Ela fora condenada a viver como uma imagem, apenas ganhando vida quando alguém a amava verdadeiramente. No entanto, o feitiço tinha um preço: se Hipnos continuasse a se entregar a ela, ele poderia ficar preso no mundo dos sonhos para sempre. Hipnos precisava decidir entre viver no mundo real, onde Afrodite nunca poderia ser completamente sua, ou mergulhar de vez no mundo dos sonhos, onde eles poderiam ficar juntos, mas à custa de sua própria humanidade.
Em um ato de amor, Afrodite tentou destruir a foto, sabendo que isso a faria desaparecer para sempre, mas Hipnos a impediu. Ele decidiu arriscar tudo e mergulhar no mundo dos sonhos, onde eles poderiam ficar juntos, mesmo que isso significasse abandonar a realidade. A história terminou com Hipnos adormecendo pela última vez, enquanto Afrodite o abraçava. No mundo real, ele nunca mais acordou, mas no mundo dos sonhos, eles finalmente estavam juntos, livres para viver seu amor eternamente. A foto, agora vazia, caiu no chão do quarto silencioso.
Anos se passaram desde que Hipnos adormecera pela última vez. Seu apartamento, agora empoeirado e silencioso, foi abandonado após sua misteriosa "desaparição". Os vizinhos comentavam que ele simplesmente deixara de existir, como se tivesse evaporado no ar. Ninguém sabia ao certo o que acontecera, mas todos concordavam que ele parecia mais ausente nos últimos tempos, como se vivesse em outro mundo.
Um dia, uma jovem chamada Luna,
uma colecionadora de antiguidades, visitou o apartamento durante um leilão de
itens abandonados. Ela era fascinada por objetos antigos e histórias perdidas,
e algo naquele lugar a chamou irresistivelmente. Entre pilhas de livros, móveis
velhos e caixas empoeiradas, ela encontrou uma foto desbotada. A imagem era de
uma mulher de beleza hipnotizante, com olhos que pareciam seguir quem os
olhava. Luna sentiu uma estranha conexão com a foto, como se ela a chamase em
silêncio. Sem pensar duas vezes, ela a levou para casa, colocando-a em um lugar
de destaque em seu quarto.
Naquela noite, enquanto dormia, Luna sonhou com a mulher da foto. Afrodite apareceu diante dela, tão real quanto o ar que respirava, mas havia uma tristeza profunda em seus olhos. Luna sentiu uma atração imediata, uma sensação de que aquela mulher era parte de algo maior, algo que ela não conseguia explicar. Quando acordou, Luna encontrou um perfume estranho no ar, uma fragrância que não era dela. E, ao olhar para a foto, jurou ter visto os lábios de Afrodite se curvarem em um sorriso triste.
A partir daquele dia, Luna começou a dormir mais, como se estivesse esperando por algo — ou alguém. E, enquanto o tempo passava, ela percebeu que sua vida real começava a desvanecer, substituída por noites de sonhos intensos e apaixonados com Afrodite. A foto, agora vazia, caiu no chão do quarto de Luna, enquanto ela adormecia para sempre, abraçando o mesmo destino de Hipnos. E, em algum lugar entre o sonho e a realidade, Afrodite continuou sua busca por um amor que nunca poderia ser completamente seu, presa em um ciclo infinito de desejo, amor e perda.