🌹 O Nome da Rosa – Umberto Eco (1980)
🔍 UM LABIRINTO DE LIVROS, PODER E SILÊNCIO
O Nome da Rosa não é apenas um romance histórico ou um mistério medieval: é uma catedral de ideias construída sobre os alicerces da linguagem, do medo ao conhecimento e da violência religiosa. Eco, semiólogo e medievalista, tece uma narrativa onde cada assassinato na abadia é um símbolo do conflito entre razão e dogma — e onde o próprio manuscrito (perdido, queimado, reconstruído) reflete a fragilidade da verdade.
📜 NÚCLEO DA ANÁLISE: OS QUATRO PILARES DA OBRA
1. A Biblioteca como Metáfora do Poder (e do Caos)
A abadia beneditina guarda uma biblioteca em forma de labirinto, onde livros proibidos são escondidos como pecados. Eco retrata:
- O controle do saber: Os monges acreditam que algumas verdades devem morrer para salvar a fé. O cego Jorge, antagonista, é a encarnação desse terror ao questionamento ("Risos são heresia").
- Paralelos históricos: A
biblioteca lembra a Alexandria
(conhecimento destruído) e a Inquisição
(censura como salvação).
2. Aristóteles vs. Apocalipse: A Guerra das Narrativas
O mistério gira em torno do segundo livro da Poética, de Aristóteles (sobre comédia), que Jorge considera perigoso porque:
- A comédia relativiza o sagrado: Ela mostra que "nada é eterno, nem mesmo Deus" (nas palavras de Eco).
- O riso como revolução: Se as
pessoas rirem do poder, o poder perde sua aura divina.
3. Adso de Melk: A Inocência que Registra a Queda
O narrador, Adso, é um noviço que assiste à investigação de Guilherme de Baskerville (referência a Sherlock Holmes). Sua jornada é:
- A perda da inocência: Cada cadáver o confronta com a corrupção da Igreja e a natureza humana.
- O paradoxo do conhecimento: No
fim, Adso escreve sua memória em latim — a mesma língua que excluía o povo do
saber.
4. O Manuscrito queimado: Eco e a Pós-Modernidade
O livro termina com a frase "Stat rosa pristina nomine, nomina nuda tenemus" ("A rosa primordial permanece apenas no nome"). Eco sugere:
- A verdade é fragmentária: O manuscrito original se perdeu; só temos versões.
- A linguagem como ruína: Nomes
(como "rosa") são cascas vazias sem a essência do que representam.
💡 LINK COM A HISTÓRIA E O PRESENTE
- Fake news medievais: Os monges manipulam textos como hoje se manipulam algoritmos.
- Fundamentalismos: Jorge
antecede os talibãs que destroem estátuas de Buda ou queimam livros LGBTQ+.
Ler Eco é entender que toda perseguição começa com uma palavra: 'heresia', 'fake news', 'degenerado'. A biblioteca de O Nome da Rosa ardeu, mas suas chamas iluminam até hoje os totalitarismos que temem o riso e o debate. E você: já sentiu o peso de um livro proibido?
Se você fosse um monge medieval, qual livro salvaria do fogo?
#UmbertoEco #LiteraturaEFilosofia #LivrosProibidos #Medievalismo
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