tudo começou quando minha mãe decidiu ir embora “para sempre” de minha vida / de início, me pareceu uma idéia meio absurda, pois eu nunca havia ficado longe da barra da saia dela por mais de uma semana (?), mas como sua decisão era de caráter irrevogável, tive que me acostumar com a possibilidade de ter que lavar minhas próprias cuecas, o que não seria nada mau, afinal eu já era um homem (se bem me lembro, tinha 12 anos na época) /
mas voltando ao texto: o dia era 09.02.82 (bendito dia!) / malas prontas, mobília encaminhada, dentes e cachorros escovados, lá foram elas, as mulheres mais importantes da minha vida: mamãe, mana e maninha, minha cadelinha poodle e anastácia, minha ama de leite (o da minha mãe havia condensado) / e olha que ela era bem moça /
mal elas pegaram a estrada, as lágrimas começaram a rolar pela minha fronte altiva e matreira / por um lado, eu iria sentir muita falta delas, mas por outro... bom, eu seria o homem da casa, sem nenhuma influência feminina por perto, o que muito me agradava /
chegando em casa (sozinho) comecei a andar pelo espaço vazio deixado por elas / tudo (leia-se nada, pois elas haviam levado tudo) que eu via, trazia à minha mente as recordações dos bons momentos vividos naqueles doze anos de vida ao lado daquelas que hoje, 14 anos depois, me inspiram para escrever estas memórias /
vamos por partes:
a) mamãe: com certeza foi uma das pessoas mais importantes da minha vida (a outra foi papai), sim, pois sem eles eu não estaria aqui escrevendo para vocês / nesses 26 anos, mamãe me aturou, beijou, surrou e fez tudo o que a maioria das mães faz por seus rebentos, ou seja, deu condições para que eu pudesse estudar e me tornar este maravilhoso escritor que vos escreve / só uma coisa ela não fez: uma mousse de chocolate com seu leite condensado /
b) mana: sem sombra de dúvida, essa foi uma personagem indispensável em minha vida / sem ela, que fez o papel de irmão em muitos momentos de briga fraternal, minha criação seria incompleta / já imaginou um rapazinho sem um irmão para implicar e dar uns socos de vez em quando? impossível! graças a ela, não morri de tédio na infância /
c) maninha: em relação a este magnífico exemplar da raça humana só o que eu posso dizer é: se o estupro for inevitável, relaxe e goze! imagine você, caro leitor, que depois de eu ter passado quase uma década e meia exercendo o cargo de caçula, surge, como que por encanto, mais uma rebenta para dividir a papinha nestlé nossa de cada dia... um absurdo!
d) anastácia: foi uma ótima ama, mas se ela tivesse esquentado o leite e posto um nescau, minha vida teria sido muito mais doce /
ah, antes que eu me esqueça, tem também a minha irmã mais velha / não que ela tenha sido mera coadjuvante em minha vida, muito pelo contrário, ela foi, é e sempre será meu maior orgulho, meu espelho, enfim, aquela que eu gostaria de ser quando crescesse (se é que isso um dia vai acontecer), pois eu sou e sempre serei uma eterna criança /
o fato de eu ter ligeiramente esquecido dela é que no momento em que minhas mulheres se foram, ela já não estava entre nós (ela é casada; muito bem por sinal) / por isso, não se ofenda, ok maninha?
por último, mas não menos importante, muito pelo contrário (de novo!): papai!
apesar de você não ter me comprado aquele chocolate no passeio público, naquele domindo de maio de 79 e não ter me levado ao jogo atlético X matsubara só porque eu estava com pneumonia, você foi o melhor de todos (apesar de tudo) /
bom, caro leitor, minhas memórias acabam aqui, mesmo porque, eu não vivi tanto tempo assim para ter mais o que escrever /
muito obrigado pelo tempo dispensado e até a próxima!
Memórias, e como é bom relembrar... Adorei a história... Muito bem narrada por sinal. As mulheres são seres inesquecíveis, seja do jeito que for, seja o grau de intimidade ou parentesco que exerçam nas nossas vidas. Elas têm, sim uma importância muito grande.
ResponderExcluirEngraçado, não tenho essa facilidade pra relembrar e escrever sobre o passado. E olha que, certamente, eu devo ter coisa pra lembrar.
Eu diria que o seu post de hoje está "memorável".
Beijos!