Bom dia, galera, tudo certinho? Venho aqui para fazer este vídeo para expor algumas colocações a respeito da obra “Doutor Sono”, do Stephen King.
Achei interessante comentar algumas coisas porque, ao contrário de outras obras dele que eu já li, esta é, para muitos que esperam uma obra de suspense aterrorizante, na verdade não tem muito suspense. Ela é uma obra muito boa, é uma continuação de “O Iluminado”, que foi publicado na década de 70 e que acabou se tornando famoso pelo filme do diretor Stanley Kubrick.
É uma obra muito bacana e eu queria chamar a atenção para algumas situações interessantes que eu presenciei durante a leitura do livro que são semelhanças e citações bastante claras que fazem referência à saga “Harry Potter”, da J.K. Rowling, fato esse que me chamou bastante a atenção pelo estilo do livro e pelo autor propriamente dito, que é o Stephen King.
Bom, o livro basicamente conta a história de Danny Torrance, que é o protagonista do “O Iluminado”, junto com o pai, Jack e a mãe, Wendy. Ele e a mãe, lógico, sobreviveram àquele mês terrível no Hotel Overlook e, portanto, este livro conta a história do Daniel depois de muitos anos, já adulto quando ele passa a ser um alcóolatra, como o pai, e passa a trabalhar de uma forma mais consistente a sua “iluminação”, como eles chamam, que é o dom que ficou bastante claro no primeiro livro e, de uma forma mais fácil para quem não leu o livro, no filme que mostra um menino que tem um “poder”, por assim dizer, de conversar com outras pessoas que são também “iluminadas” através da mente, através por assim dizer, um tipo de telepatia.
O livro então conta a história do Daniel desde a época em que era ainda apenas uma criança, depois do acontecido no hotel até os dias atuais. Ele acaba se tornando um alcóolatra, a mãe morre e ele fica sozinho lutando para sobreviver, levando em conta que ele é uma pessoa que tem uma série de problemas.
Depois de adulto, em um determinado momento, ele chega a uma cidadezinha levado, seja pelo destino ou por qualquer outro motivo e nesta cidade ele sente a presença de uma pessoa que ele conheceu na infância e que também trabalhava no Hotel Overlook. Chegando lá, ele recebe algumas mensagens dessa pessoa e, então, acaba ficando por lá, se estabelece na cidade, arranja um emprego e faz amizade com o seu chefe, que faz parte do A.A., o que faz com que ele largue a bebida e passe a levar uma vida normal dentro das possibilidades, uma vez que sendo um “iluminado” nunca pode se considerar normal.
A história do “Doutor Sono”, portanto, gira em torno disso e da relação que ele desenvolve com outra pessoa “iluminada”, uma menina chamada Abra. Seu primeiro contato com Abra se dá quando ela é ainda um bebê. O segundo contato se dá quando a menina está mais ou menos com a idade dele no momento dos acontecimentos no Hotel Overlook, ou seja, quando ela tem por volta dos 7 ou 8 anos e, quando ela chega à adolescência, esse contato se torna mais forte e mais claro.
Paralelamente a tudo isso, a obra conta a história de um grupo de pessoas que se auto denominam “Verdadeiro Nó” e é aqui que as semelhanças com a saga Harry Potter têm início na obra, uma vez que essas pessoas vivem há muitos anos e sobrevivem às custas da força de crianças “iluminadas”.
O “Verdadeiro Nó” sequestra e tortura essas crianças, pois a tortura faz com que a “iluminação” fique mais forte e seja uma melhor fonte de alimento para seus membros. Após serem torturadas e terem sua força aumentada, as crianças são mortas e, ao morrerem, sua energia, que eles chamam de “vapor”, é sugada. E é aqui que temos a primeira alusão à saga HP, uma vez que faz referência aos Dementadores, que sobrevivem retirando a esperança e a alegria presente na alma dos seres humanos através do “beijo da morte”.
Abra, a menina que Daniel conhece inicialmente através da “iluminação” tem, segundo a líder do “Verdadeiro Nó” (Rose), a maior força já vista em alguém, uma vez que, quando ela tenta penetrar sua mente para conhecê-la, é repelida como se fosse um simples inseto inconveniente. Aqui temos a segunda referência a HP, ou seja, a maldição “Imperius”.
Então, como podem ver, temos bons motivos para acreditar que Stephen King buscou em J.K. inspiração para compor mais uma obra de arte, nem que seja por pequenos detalhes. Mas tem mais!!
Além dos membros do “Verdadeiro Nó”, que podemos comparar aos Dementadores; além da “iluminação”, que podemos comparar à maldição “Imperius”, temos também outra comparação a ser feita.
Quando a líder, Rose, entra na mente de uma criança, em especial na mente da Abra ou quando a Abra entra na mente da Rose, pelo fato de a menina ser extremamente forte, Rose fica muito fraca e o que a faz recuperar a energia é ingerir algo doce, no caso da Rose, uma Coca-Cola. Na saga HP, quando Harry tem o primeiro contato com um Dementador durante a viagem de trem, o professor Lupin lhe dá uma barra de chocolate, que é o que, segundo a medicina bruxa, faz com que recuperemos a energia, ou seja, mais uma alusão à obra de J.K.
Outra referência, agora explícita, está na página 345 do livro. Abra é sequestrada por um membro do “Verdadeiro Nó” e é sedada para que não acorde durante a viagem. No entanto, passado o efeito da droga, Abra acorda e, ainda sonolenta, pergunta a Corvo para onde eles estão indo, no que ele responde: “Hogwarts, para assistir ao Torneio Internacional de Quadribol. Vou lhe comprar um cachorro-quente e um algodão-doce encantados”.
Agora vocês imaginem minha cara quando li isso pela primeira vez... as referências antes implícitas agora se mostravam escancaradas, bem ali, preto no branco!! J.K. e Harry Potter presentes na obra do mestre do terror, Stephen King!!
Isso me chamou muito a atenção, pois “Doutor Sono” não é uma obra para um público infanto-juvenil (não que HP seja só para esse público), muito pelo contrário, é uma obra mais voltada para um público adulto. Sendo assim, conclui-se que se até Stephen King leu HP, por que há tantas pessoas, independente de idade ou o que quer que seja, que ainda relutam em ler Harry Potter!?
Concluindo, recomendo a leitura de “Doutor Sono”, pois é uma obra fantástica e para os conhecedores da saga HP, será um deleite embrenhar-se pela mente do Danny Torrance, da Abra e do “Verdadeiro Nó” e perceber quão próximos estão.
“Doutor Sono” não é uma obra de terror, mas sim uma obra de suspense que tem uma narrativa muito fluida, de fácil compreensão que não está obrigatoriamente ligada à sua predecessora “O Iluminado”, ou seja, quem não leu a obra inicial, não vai deixar de entender e gostar desta continuação.
Então é isso. Essas são minhas impressões sobre a obra que, lógico, não correspondem à verdade absoluta e que podem, naturalmente, ser só coisas da minha mente dominada pela maldição “Imperius”. Dito isso, “malfeito feito”!!
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