sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O REI DO POP E O CORDEL


Qual não foi minha surpresa ao abrir uma página de notícias na internet e me deparar com algo, no mínimo, surreal.

Uma dupla de cordelistas nordestinos publicou um cordel contando a história de Michael Jackson no momento em que este chega ao céu. Dos poucos versos divulgados no site, percebe-se que é material de primeira, que só a diversificada cultura brasileira pode criar. Uma pena que tais obras de arte estejam restritas somente àquela região do nosso amado Brasil. Mas fica aqui a dica. Se alguém conhece alguém que more lá por cima, bem que poderia encomendar uma dessas pérolas para a turma aqui de baixo.

A seguir, os versos publicados. Deleitem-se!!

Poeta tem sinal verde
Pra voar com liberdade
Andar no tempo, sonhar,
Falar da realidade,
Fazer o leitor sorrir,
Contar ‘causo’, divertir
Chorar ou sentir saudade.

De sábado para domingo,
Eu fui dormir sossegado:
Sonhei que estava voando
Em um maquinismo alado,
Tudo que vi registrei
E ao despertar encontrei
Pena e papel do meu lado.

Eu sonhei que o rei do pop,
Logo após bater as botas,
Foi direto para o céu,
Fazendo muitas marmotas,
Cantando muito agitado
Feliz, tinha se livrado
De dívida, banco e agiotas.

Acordei bastante eufórico,
Sentei na rede e então
Pensei em Deus, respirei,
Fiz uma meditação:
Limpei a mente confusa
Foi quando eu vi minha musa
Me trazendo a inspiração.

Um pássaro veio cantando,
Logo ao surgir da aurora,
Cada detalhe do sonho
Eu recordei sem demora,
E como bom menestrel
Peguei a pena e o papel
E escrevi na mesma hora:

Michael Jackson lá no céu
Chegou bastante apressado,
Dizendo para São Pedro:
- Estou demais atrasado
Eu quero até me esconder
Porque não pude fazer
O que tinha programado!

Tinha uma agenda de shows
Com lotação esgotada,
Para pagar uma dívida
Há muito tempo atrasada,
Mas eu confesso, não sei,
Porque logo me livrei
Daquela vida agitada!

Eu queria dançar mais
Sabe o senhor, não empaco,
Gostava de requebrar,
Pois eu sou bom nesse taco
Dançando eu faço munganga,
Às vezes visto uma tanga
Para prender o meu saco!

(...)

As estrofes acima foram escritas assim que as televisões do mundo inteiro anunciaram a morte do rei do pop. Vale ressaltar que o folheto de cordel, de autoria de João Gomes e Klévisson Viana, mantém o bom gosto acima de tudo. Um personagem da cultura de massas envolvido num episódio típico dos autos tradicionais, como só a literatura de folhetos do Nordeste pode mostrar.

Um comentário:

  1. Você tem toda razão, Oscar, o nosso povo brasileiro tem uma criatividade sem limites. Esses nossos cordelistas/repentistas são o máximo. Pena que a gente não tem isso por aqui.
    São versos simples, mas de uma sonoridade incrível.

    Ah, e como anda tudo para domingo? Não se esqueça de que tem direito a presente, sobremesa que mais gosta e muito paparico, rs.

    Beijos

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